18/02/18

A “música ligeira” está praticamente morta

 

james-last-webDesde muito pequeno que me habituaram a ouvir a chamada “música ligeira”, que era uma espécie de versões de música ritmada instrumental e orquestrada de temas clássicos ou/e modernos, desde a música clássica até à chamada “música POP”.

Por exemplo, o meu pai comprou muitos discos do maestro francês Paul Mauriat que é um exemplo de um maestro de “música ligeira”, e eu habituei-me a ouvi-lo em casa e na rádio. Mauriat morreu em 2006.

Outro maestro muito divulgado e conhecido de “música ligeira” foi o americano Ray Conniff; morreu em 2002. De repente veio-me à memória o maestro francês de “música ligeira” Franck Pourcel; fui ver à Wikipédia: morreu em 2000.

Talvez o precursor da “música ligeira” e o mais antigo terá sido o maestro americano Percy Faith: faleceu em 1976. Billy Vaughn, outro maestro e compositor americano de música ligeira, faleceu em 1991. Finalmente, o maestro alemão de “música ligeira” James Last, nascido em Bremen (Alemanha) e residindo na Florida (Estados Unidos), deixou-nos em 2015.

Salvo esteja eu errado, o único espécimen ainda vivo da “música ligeira” é o pianista e maestro francês Richard Clayderman. Já não há mais ninguém.

A crise ou mesmo o desaparecimento da “música ligeira” reflecte a crise da música contemporânea que deixou de ter criatividade e não tem qualquer qualidade harmónica, por um lado, e por outro lado traduz a falta de educação dos nossos jovens no que respeita à chamada “música clássica” — porque a “música ligeira”, de certa forma, faz a simbiose (por assim dizer) entre a música clássica e a música contemporânea.

15/02/18

As bruxas: as feministas da Idade Média

 

“ Yo no creo en brujas, pero que las hay, ¡las hay!”


Em 1395 foi publicada pela Faculdade de Teologia de Paris, uma decisão segundo a qual a ofensa a Deus (abnegação do 1º Mandamento) não era uma simples abjuração, mas antes era uma forma de idolatria — o que era uma consequência de a bruxaria ser (naquela época) considerada como uma ofensa ao 1º Mandamento, conforme a tradição da teologia católica; mas também era uma consequência do ensinamento de Jean Gerson segundo o qual a moral pertencia ao domínio da fé, o que dava autoridade ao Antigo Testamento que já considerava a bruxa como uma idólatra (como vemos, o conceito de “bruxa” é anterior ao Cristianismo).

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A ideia segundo a qual a feitiçaria era uma ofensa à “religião” (sendo que a feitiçaria seria organizada em uma ou várias seitas) conduzia à conclusão de que, através da bruxaria, o Diabo não era apenas um agente da actividade maléfica das bruxas, mas antes era o próprio objecto de culto das bruxas.

Em 1480 foi publicado pelos dominicanos Jacob Sprenger e Heirich Krämer (e com aprovação papal), o Malleus maleficarum (ou Martelo das Feiticeiras), que era uma descrição dos actos das bruxas. A partir daí, a bruxa passou a ser, a par com o usurário, um inimigo da raça humana.


Sendo que, no imaginário popular ou/e erudito, as feiticeiras ou bruxas se organizavam em seitas, não é difícil sabermos que as seitas ultra-puritanas (e gnósticas) dos cátaros ou albigenses, considerados os maiores rivais da ortodoxia medieval, foram identificadas com a bruxaria; e outro grupo puritano e gnóstico, também ele identificado com a bruxaria, a Vauderie ou Waldensianos, apenas conseguiu sobreviver, enquanto seita, nas escarpas dos Alpes ocidentais, afastados da comunidade católica.

Interessante, a diferença entre a feiticeira, por um lado, e o feiticeiro, por outro lado.

As feiticeiras, quando a sua ira era provocada, afligiam o corpo dos adultos e das crianças, matavam porcos, espalhavam a doença entre o gado — o conhecido “mau olhado” da bruxa —, tornavam os homens sexualmente impotentes, ou faziam cair tempestades para arruinar as colheitas de alguém. A simples misoginia não chega para explicar por que razão se pensava que a maior parte das criaturas maléficas seriam do sexo feminino.

As mulheres, especialmente se eram simultaneamente velhas, solteiras e de “poucos amigos”, eram como uma espécie de “monges”, e recorreriam a métodos excepcionais para conseguirem os seus objectivos — porque a sua condição existencial impedia-as de utilizarem os métodos supra-naturais convencionais e admitidos.



As bruxas eram portadoras de um ressentimento (a que hoje chamaríamos de “ressentimento feminista”), em contraposição com os feiticeiros que eram frequentemente membros do clero (católico): onde o feiticeiro actuaria pelo fogo e pela espada, a feiticeira actuaria pela doença e pela tempestade.

As bruxas não eram apenas inimigas de um determinado católico, mas faziam parte de uma conspiração geral contra a Igreja Católica. Por exemplo, as bruxas de Macbeth (Shakespeare) colaboravam com outras bruxas para ampliar o dano infligido à sociedade, e elas próprias não negavam que, por detrás de cada manifestação de maldade, se procurava a mão do inimigo universal, isto é, do próprio Diabo.

É ponto assente que se imaginava que as bruxas formavam uma “seita de maldade”, semelhante à dos cátaros ou da mesma espécie da dos Waldensianos — porque a seita era o tipo de dissidência que os ortodoxos (católicos) melhor conheciam.

14/02/18

O NOVO CDS GAY sob os auspícios do Adolfo Mesquita Nunes e com a bênção da Assunção Cristas

 

Com a saída de Paulo Portas da chefia do CDS/PP, surgiu um novo partido: o CDS GAY, desta vez chefiado por Assunção Cristas e convenientemente assessorado por Adolfo Mesquita Nunes.

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Assunção Cristas diz que o vice-presidente do CDS GAY, Adolfo Mesquita Nunes, “teve muita coragem” em assumir a sua (dele) homossexualidade. Parece que determinados comportamentos sexuais devem ser anunciados ao mundo com pompa e circunstância — como se abafar palhinhas e tomar no cu fossem actos sublimes e sagrados, dignos de grande coragem.

Antigamente era corajoso, por exemplo, o soldado, o bombeiro, o missionário; hoje é corajoso o paneleiro.

Naturalmente que o CDS GAY de Assunção Cristas não terá o meu voto (como teve até às últimas eleições). Mal por mal, prefiro votar no PNR (Partido Nacional Renovador).

12/02/18

A casuística jesuíta da Nota do Cardeal Patriarca de Lisboa acerca do Amoris Laetitia

 

Eu não compreendo as reclamações do animal Anselmo Borges e do psicótico Frei Bento Domingues em relação ao Cardeal Patriarca de Lisboa no que diz respeito à “Nota para a recepção do capítulo VIII da exortação apostólica 'Amoris Laetitia'” — porque o D. Manuel Clemente apenas tenta servir de charneira (de “mediador”, por assim dizer) entre a tradição da Igreja Católica, por um lado, e os ditos “progressistas” que pretendem realmente destruir a Igreja Católica, por outro lado.

Ou seja: o Cardeal Patriarca de Lisboa não discorda — no essencial — da opinião das duas bestas aludidas em epígrafe.

A revolta do esclerosado Anselmo Borges e do néscio Frei Bento Domingues contra o Cardeal Patriarca de Lisboa só se explica por razões políticas intestinas à Igreja Católica portuguesa que extrapolam a encíclica Amoris Laetitia — porque, no que respeita à encíclica, o cardeal de Lisboa segue as indicações do Chico, a quem chamam de “papa”.


A casuística é um ramo da teologia moral que se desenvolveu principalmente com a Contra-Reforma da Igreja Católica (a partir de finais do século XV) que proporcionou aos Jansenistas a ocasião para atacar os jesuítas que abordavam os casos de consciência dos penitentes católicos como simples problemas jurídicos e, nas suas apreciações, introduziram noções como “restrição mental” – que possibilita a mentira – e “direcção de intenção” – que justifica um crime pelo motivo segundo o qual se cometeu.

Pascal criticou a casuística e os jesuítas.


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A noção de “discernimento” (que faz parte da Nota do Cardeal Patriarca de Lisboa) revela a ambiguidade moral propositada da casuística do jesuíta Chico a quem chamam de “papa”.

Ou seja, o Chico — e também o Cardeal Patriarca de Lisboa, para além das duas cavalgaduras indígenas supracitadas — aborda os casos de consciência dos penitentes católicos como simples problemas jurídicos (neste caso, os casos de consciência em relação ao casamento e divórcio), em que a noção de “discernimento” é de uma subjectividade de tal modo que pode justificar uma qualquer violação da lei moral católica:

«Como deve ser entendida esta abertura? Certamente não no sentido de um acesso indiscriminado aos sacramentos, como por vezes acontece, mas de um discernimento que distinga adequadamente caso por caso.

Quem pode decidir?

Do teor do texto e da mens do seu Autor (o Chico), não me parece que haja outra solução a não ser a do foro interno (do divorciado). De facto, o foro interno (do divorciado recasado) é o caminho favorável para abrir o coração às confidências mais íntimas e, se se tiver estabelecido no tempo uma relação de confiança com um confessor ou com um guia espiritual, é possível iniciar e desenvolver com ele um itinerário de conversão longo, paciente, feito de pequenos passos e de verificações progressivas.

Portanto, não pode ser senão o confessor, a certa altura, na sua consciência, depois de muita reflexão e oração, a ter de assumir a responsabilidade perante Deus e o penitente, e pedir que o acesso aos sacramentos se faça de forma reservada.

Nestes casos, não termina o caminho de discernimento (cf. AL, 303: discernimento dinâmico) para se alcançarem novas etapas em ordem ao ideal cristão pleno.» E acrescentou: «Precisamente a delicadeza de saber discernir, caso por caso, a vontade de Deus sobre essas pessoas, pede-nos a nós, sacerdotes, que nos preparemos bem para sermos capazes de tomar essas graves decisões».

Para o Chico, “não devemos julgar ninguém” (“¿Quem sou eu para julgar?”, perguntou o Chico); mas, quando convém ao Chico, o confessor já deve assumir juízos de valor subjectivos sobre alguém, e em nome de Deus.

Em nada, absolutamente nada no que diz respeito ao Amoris Laetitia, D. Manuel Clemente diverge do Chico a quem chamam de “papa”.

A procura de protagonismo me®diático por parte do sacana Borges e do atoleimado Bento Domingues tem apenas como leit motiv discrepâncias políticas e ideológicas: acontece que o Cardeal Patriarca de Lisboa não é marxista, o que incomoda alguns comunas filhos-de-puta que se reclamam hoje donos do catolicismo.

PS, BE e PAN de acordo para acabar com o casamento antes do divórcio

 

Depois do acordo entre o PS, BE e PAN para acabar com prazo para casar segunda vez, vem aí o acordo do PS, BE e PAN para acabar com o casamento antes do divórcio, fazendo com que o cidadão se possa divorciar antes de se casar, ou que se divorcie independentemente de haver casamento ou não — o que transforma o divórcio em uma instituição autónoma e dignificada.

A partir de agora, um cidadão ou uma cidadã (ou vice-versa) pode divorciar-se sem estar casado — o que é um passo civilizacional digno de relevo.

Esta dignificação da instituição do divórcio já vinha sendo reivindicada pela Esquerda há muito tempo, em nome da igualdade entre a instituição do divórcio e a instituição do casamento. Fontes do Bloco de Esquerda revelaram que a discriminação entre o divórcio e o casamento é um "autêntico constrangimento discriminatório e, como tal, injustificado e inadmissível".

11/02/18

O Anselmo Borges é burro todos os dias

 

« Este sacerdote e académico ( Anselmo Borges) lamenta que a moral católica “continue muito centrada no sexo” e aponta que declarações deste tipo podem afastar as pessoas da igreja, pois, embora o cardeal de Lisboa apenas tenha poder jurídico sobre a sua diocese, socialmente é considerado o chefe eclesiástico do país. »

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O Anselmo Borges segue os conselhos de Alinsky : “acusa sempre os outros da merda que tu fazes”.

Quando já vemos cardeais “progressistas” (como é o caso do cardeal Marx) que defendem o "casamento" gay na Igreja Católica, o Anselmo Borges vem dizer que “é a Igreja Católica (tradicional) que se centra no sexo”. A filha-da-putice do Borges não tem limites.

No que respeita à posição do Patriarca de Lisboa, ainda não tenho opinião formada; logo que a tenha, publico aqui.

10/02/18

A mecânica quântica defende a incognoscibilidade da "coisa-em-si-mesma" de Kant

 

1/ Segundo Kant, a "coisa-em-si", — ou seja, “a realidade tal como é”, é incognoscível, por oposição ao “fenómeno” — se não pode ser concebida, pode ser no entanto ser pensada.

Olavo de Carvalho (tal qual Hegel) diz que a "coisa-em-si" (ou o númeno) e o fenómeno não se opõem : “mostrar-se como 'fenómeno' é uma característica das coisas em si mesmas” e “não uma limitação do nosso aparato cognitivo, como ele pretendia” (sic).

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2/ convém dizer que o conceito de "coisa-em-si" de Kant pode ter várias interpretações, e ele próprio utiliza o conceito de "coisa-em-si" ou “númeno” em situações diferentes e mesmo aparentemente contraditórias. Os idealistas (Hegel, por aí fora, até Heidegger) negaram o conceito de númeno ("coisa-em-si") pelas mesmas razões invocadas por Olavo de Carvalho: segundo os idealistas, a presença da "coisa-em-si" em um pensamento que não a pode conhecer, é um paradoxo, o que levou a Hegel a negar a especificidade da "coisa-em-si".

3/ temos que saber se o conceito de "coisa-em-si-mesma" tem alguma pertinência segundo os conhecimentos científicos actuais.

O que Kant quis dizer com "coisa-em-si" — ou "coisa-em-si-mesma" — é o seguinte: o ser humano não será nunca capaz de conhecer a verdadeira natureza da matéria.

Por isso é que a "coisa-em-si-mesma" (ou seja, a verdadeira natureza da matéria) é (segundo Kant) incognoscível, por oposição (segundo Kant) ao “fenómeno” que é aquilo que aparece à nossa percepção proveniente das manifestações “individuais” da matéria.

Este problema da "coisa-em-si-mesma" de Kant (assim como o problema de “mónada”, de Leibniz) é hoje reflectido de forma similar pela física quântica: por exemplo, não se pode atribuir directamente qualquer propriedade (característica) a um vector de estado (estado físico) representado por um feixe de fotões em um Espaço de Hilbert.

Baseando-nos nos conhecimentos da ciência física, Kant tinha razão: a "coisa-em-si-mesma" continua a ser incognoscível (obviamente devido à “limitação do aparato cognitivo” humano); e provavelmente não existe nenhuma substância a que possamos chamar de “espaço-tempo”.

Convém dizer o seguinte: para Kant, a Física (o estudo da matéria) tem que ser puramente fenomenológica (tal como é ainda hoje a Física Clássica).

4/ DxDp≥ћ=h/2π

Esta é a conhecida fórmula de Heisenberg (ou princípio da incerteza de Heisenberg), escrita em 1925, em que Dx é a incerteza da posição de um electrão em determinado momento, e em que Dp é a incerteza do próprio momento. A constante h é a “constante de Max Planck”, e ћ é a “constante reduzida” de Planck. Naturalmente que π=3,141618....

Esta fórmula escandalizou a comunidade científica da altura, porque simplesmente defendia a ideia de que a “causalidade não era possível de uma forma consistente”, isto é, a causalidade rigorosa não existe. Como resultado prático da fórmula de Heisenberg, é teoricamente impossível fazer a observação de um electrão (ou outra partícula elementar) e simultaneamente definir a sua posição; ou se faz a sua observação (tempo), ou se define a sua posição (espaço) ― isto é, numa observação de um electrão, ou se define o tempo, ou o espaço que ele ocupa, e não as duas coisas simultaneamente (princípio da incerteza de Heisenberg).

5/ nós não observamos as trajectórias das partículas elementares (também chamadas de “acontecimentos”); podemos definir a posição de uma partícula no espaço, ou a sua velocidade no tempo, mas não podemos observar / verificar a trajectória dessa partícula (ou das partículas elementares em geral).

Isto significa que nós identificamos os corpos físicos como “aparências” interpretadas pelo “software” do nosso cérebro, e não como um conjunto de vectores de estado de partículas elementares.

O vector de estadoou “amplitude de probabilidade de função de onda”, ou "função de onda quântica" — é a "coisa-em-si-mesma" de Kant.

O nosso conhecimento físico fenomenológico (em relação à matéria) não é objectivo senão no sentido em que é intersubjectivo: é (apenas e só) porque é intersubjectivo, que o nosso conhecimento fenomenológico é objectivo. É no sentido em que o nosso conhecimento subjectivo das aparências é válido do ponto de vista intersubjectivo que podemos afirmar a objectividade desse conhecimento.

Isto não significa que as coisas não existam senão dentro dos parâmetros da nossa interpretação subjectivista. Kant não é idealista nem solipsista.

Dando o exemplo de uma rã. Ela não vê nada senão aquilo que se mexe. O seu olho é constituído de tal modo que tudo o que é imóvel lhe está inacessível. A rã vê a borboleta que voa, mas não vê a flor onde esta pousa. De modo semelhante, os seres humanos reconhecem aquilo que constitui para nós objecto do nosso pensamento ou da nossa percepção — até a nós próprios só nos conhecemos na medida em que nos podemos “objectivar de forma intersubjectiva”.

6/ A velocidade máxima no universo deixou de ser aquela que Einstein especificou na sua teoria. O conceito de “não-localidade” rebentou com a Relatividade de Einstein.

O espaço e o tempo são formas ou produtos da nossa intuição (humana) — ou aquilo a que Kant também chamou de “númeno em sentido positivo”, na medida em que se tratam de “conceitos” de “intuição não-sensível” (intelectual, espiritual) → em contraposição ao “númeno em sentido negativo”, que é algo que não é objecto da nossa “intuição sensível” e que depende da abstracção para a possibilidade de intuição.

04/02/18

O José Manuel Pureza e a nova versão do PREC [Processo Revolucionário em Curso]

 

“Nem a eloquência revolucionária, nem as cartas de amor, podem ser lidas por terceiros sem hilaridade.”

— Nicolás Gómez Dávila


Se lermos este texto do José Manuel Pureza, o conteúdo ideológico parece-nos uma espécie de “amanhãs que cantam” aplicados à ética e à cultura. A argumentação do Pureza sobre a legalização da eutanásia é histriónica; e por isso não é a argumentação que interessa analisar agora, mas antes interessa especificar a atitude do Pureza face à Realidade.

prec-webO conceito comunista/revolucionário e popularucho dos “amanhãs que cantam” reflecte a imanência do paraíso na Terra e uma confiança — é mesmo uma — total no ser humano, no sentido da prossecução das tarefas necessárias para que esse paraíso terrestre imanente seja alcançado.

Mas a realidade é muito diferente daquela que é “sonhada” pelo Pureza — partindo do princípio de que o Pureza está de boa-fé ao escrever aquilo (o que eu duvido).

O grande equívoco da “Revolução” Francesa não é uma excepção: é a regra! Os revolucionários da laia do Pureza são a tropa ligeira que desbasta o terreno, e a burguesia (da laia do Rui Rio e da maçonaria) é a infantaria massiva que o ocupa: toda a classe revolucionária posicionada no terreno é a burguesia. Por isso é que homúnculos como, por exemplo o Rui Rio, apoiam a moção eutanasiante do Pureza.


Depois de toda a revolução, o revolucionário da laia do Pureza defende a ideia segundo a qual a “revolução verdadeira” será a aquela outra “dos amanhãs que cantam”, ou seja, será aquela que está (ainda) por vir. O revolucionário assume sempre que um miserável qualquer traiu a revolução de ontem.

E é dentro deste esquema de pensamento que os revolucionários vão radicalizando as posições ideológicas face à Natureza Humana. As revoluções têm por função destruir as ilusões que as causam: não são locomotoras, mas antes os descarrilamentos da História. Os revolucionários não destroem senão o que fazia mais toleráveis as sociedades contra as quais se rebelam. E a grande verdade é que o ser humano não sabe que destrói senão depois de ter destruído; e aquilo que demorou muitos séculos a construir pode ser destruído por meia dúzia de bárbaros da espécie do Pureza.


A ideia do José Manuel Pureza (e dos revolucionários em geral) de “transformar sociedade” (ou mais comummente entre os revolucionários, a de “transformar o mundo”) significa literalmente “burocratizar o ser humano”, transformá-lo em uma peça de uma engrenagem desumanizante que isola o indivíduo face a um Estado plenipotenciário.

Das duas, uma: ou o José Manuel Pureza é um optimista incorrigível, ou então é um filho-de-puta — porque só um filho-de-puta ignora propositada- e ostensivamente o que se está a passar em outros países onde a eutanásia já foi legalizada. A ideia segundo a qual “Portugal será uma excepção à regra da eutanásia legalizada” só pode vir de um mentecapto; ou de um optimista psicótico; ou então, de um filho de uma grande puta.


As nossas repugnâncias espontâneas são mais lúcidas do que as nossas convicções racionalizadas; mas, a essas nossas repugnâncias espontâneas, o Pureza chama de “medo irracional” — a repugnância espontânea que nos induz a existência de uma injustiça potencial e iminente que a legalização da morte não-natural pelo Estado implica. E à nossa recusa de aceitar o Poder utilitarista plenipotenciário do Estado sobre a vida e sobre a morte — como já está a acontecer na Bélgica, na Holanda e no Canadá —, o Pureza chama de “autoritarismo”. O José Manuel Pureza especializou-se na novilíngua de 1984.

O Pureza fala da criação de uma “lei sensata” da eutanásia — mesmo sabendo do que se passa noutros países, onde a lei também seria suposta ser “sensata” quando foi criada, mas deixou de ser “sensata”.

A lei é o método mais fácil de exercer a tirania. O revolucionário (da laia do Pureza) oscila entre a estéril rigidez da lei, por um lado, e, por outro lado, uma vulgar desordem do instinto; e é esta desordem do instinto que inibe o Pureza de colocar as repugnâncias espontâneas antes de meras convicções racionalizadas.

O espírito humano implica a submissão falível a normas, e não uma sujeição infalível a leis: a ideia segundo a qual a lei da eutanásia será “sensata” porque infalível, só pode vir de um filho-de-puta de alto coturno. Reformar a sociedade por intermédio de leis é o sonho do cidadão mentecapto ou de um grande filho de uma grande alternadíssima, e é o preâmbulo de toda a tirania — ou seja, exactamente o contrário daquilo que o Pureza nos jura a pés juntos! Ou a lei é a forma jurídica do costume (costume esse que não tolera a eutanásia), ou então é um atropelo à liberdade.


A lei da eutanásia do Pureza (tomara que fosse só a dele!) e dos seus compagnons de route, sofrerá a mesma “evolução” das leis da eutanásia da Bélgica, da Holanda e do Canadá. Dentro de pouco tempo estaremos aqui todos a discutir a eutanásia de crianças com deficiências graves, como já acontece na Bélgica, por exemplo.

Os estúpidos da laia do Pureza pensam que o prazer de quebrar regras e costumes cresce indefinidamente à medida que vão abolindo essas mesmas regras e costumes.

Um Estado saudável — que não é o nosso — é aquele onde existem inúmeros obstáculos que estorvam a liberdade do legislador; mas com a ascensão da Geringonça ao Poder, os legisladores actuais não necessitam sequer da autorização do povo para legislar sobre o que seja. Vivemos já sob uma nova versão do PREC [Processo Revolucionário em Curso].

02/02/18

No Canadá do radical Trudeau, acabou o estatuto médico de objecção de consciência

 

Depois da legalização da eutanásia no Canadá, os médicos objectores de consciência ou são despedidos, ou são despromovidos na sua carreira profissional.

É esta a “liberdade de decisão e de consciência” que os actuais defensores da legalização da eutanásia em Portugal — que incluem os cabrões Rui Rio e/ou José Pacheco Pereira, do Partido Social Democrata — defendem para os médicos e enfermeiros.

É uma questão de tempo e veremos o inenarrável José Pacheco Pereira defender na televisão a ideia segundo a qual “os médicos objectores de consciência devem mudar de profissão, por exemplo, passar a trolhas ou picheleiros”.

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