25/03/18

O Positivismo não tem que ser necessariamente materialista

 

O Ludwig Krippahl fala aqui em uma tal Leonor Nazaré, que denuncia o «paradigma científico […] do materialismo positivista».

Ora, o positivismo não tem que ser necessariamente materialista, como podemos verificar com a filosofia imaterialista (de negação dos corpos materiais) do Bispo irlandês George Berkeley (deu o nome à actual universidade californiana); ou ao positivismo do austríaco Ernst Mach que foi um formidável adversário da teoria atómica — sendo que “materialismo” é o credo que concebe a matéria 1/ como não sendo, em princípio, explicável; 2/ contesta a realidade dos campos das forças materiais e 3/ nega a realidade do espírito ou da consciência e a realidade de tudo o que não é material.

O positivismo (o romantismo na ciência), entendido como “ciência enquanto saber certo”, conduz 1/ ao imaterialismo de Berkeley, Hume ou Mach; por um lado; e, por outro lado, conduz ao 2/ materialismo behaviourista (Watson, Skinner) tão em voga, hoje, pelo politicamente correcto nas chamadas “ciências sociais” e dos militantes LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros].

O primeiro nega a realidade da matéria — já que a única base segura e certa do nosso conhecimento consiste nas experiências subjectivas (das nossas próprias percepções), e estas são sempre imateriais. E o materialismo behaviourista nega a existência do espírito (e, desta forma, nega a liberdade humana), já que tudo o que se poderia observar seria o comportamento humano exterior que corresponde, sob todos os aspectos, ao comportamento animal (mesmo no que respeita ao “comportamento linguístico”).

O problema das chamadas “medicinas alternativas”, ou “tradicionais”, é a verificação.

Todos sabemos que, na ciência “clássica” (por assim dizer), a verificação (por indução e inferência) não é totalmente satisfatória; mas é fiável — o que não acontece com as “medicinas tradicionais”. Portanto, a minha desconfiança em relação às “medicinas tradicionais” é racional (o que não significa necessariamente uma total confiança na ciência dita “clássica”).


“A ciência engana-nos de três maneiras: 1/ transformando as suas proposições em normas; 2/ divulgando os seus resultados mas escamoteando os seus métodos; 3/ calando as suas limitações epistemológicas. Toda a ciência se nutre das convicções que estrangula”.
Nicolás Gómez Dávila

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